Um pouco sobre Álvares de Azevedo e suas obras


LIRA DOS VINTE ANOS


            Preparado para integrar As Três Liras, projeto conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a Lira dos Vinte Anos é a única obra de Álvares de Azevedo cuja publicação foi preparada pelo poeta. Mesmo assim, vários poemas lhe foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma, como toda a obra do autor), à medida que iam sendo descobertos.
            O livro compõe-se de três partes (a terceira praticamente uma continuação da primeira), e apresenta as duas faces de Álvares de Azevedo: o poeta piegas e meigo, cantor de virgens pálidas (primeira e terceira partes) ew o poeta macabro e sarcástico de “Um Cadáver de Poeta”, “Idéias Íntimas” e  “Namoro a Cavalo”.


O POEMA DO FRADE


                O Poema do Frade narra, pela boca de um frade devasso, os amores e desventuras de um poeta libertino (Jônatas) e sua namorada, a prostituta Consuelo; afora algumas passagens picantes, o poema talvez valha mais pelas considerações que faz sobre poesia e pela sobreposição do poeta, do narrador e do personagem: Álvares de Azevedo, poeta, encarnado na figura do frade devasso, poeta, contra a estória da Jônatas, poeta.
            Obra de inspiração byroniama, situa-se no mesmo plano que O Conde Lopo e o Livro de Fra Gondicário; extensa, prolixa e repetidora dos cânones europeus da época. Os fragmentos selecionados do primeiro canto ilustram posturas literárias típicas do Romantismo; os do segundo canto, focalizando a figura feminina prostituída, têm o tom romântico garantido pela perspectiva sentimental e emotiva com que tematiza a figura da prostituta.


O CONDE LOPO

                Este longo poema narrativo lança mão de um expediente tipicamente romântico: a morte de um poeta desconhecido em casa de gente estranha leva à descoberta, sob seu colchão, de um livro de versos que narra sua história e revela seu nome: Conde Lopo. Sua história se tece de lances comuns a obras românticas e ultra-românticas: o conhecimento de uma linda jovem, o noivado com ela, a viagem súbita ordenada pelo pai, o regresso e a traição representada pelo noivado da moça com seu irmão. O ciúme conduz ao assassinato da moça e, a seguir, o Conde passa a levar vida aventurosa e desregrada. Acaba por conhecer um rapaz cuja vida salva, e tornam-se amigos. É somente a ele que o fortíssimos pesadelos. O tre cho escolhido (“Fantasmagorias”) é um deles.


MACÁRIO



                Macário é uma obra teatral cujas personagens mais importantes são Macário, Penseroso e Satã, numa estrutura em que se alternam cenas exteriores e interiores, narração dialogada e solilóquios. Nas palavras de Antônio Cândido, “Macário é o Álvares de Azevedo, byroniano, ateu, desregrado, irreverente, universal;  Penseroso,, o Álvares de Azevedo sentimental, crente, estudioso  e nacionalista. Aquele, por contraste, situado em São Paulo; este, na Itália”. O trecho selecionado é a descrição da cidade de São Paulo, apresentada numa ótica realista e crítica que, de certa forma, retoma a má vontade de Álvares de Azevedo em relação à cidade em que vivia, e que tanto o aborrecia, como confessava em suas cartas.
            Ao final do texto, Macário é levado pelas mãos de Satã a presenciar uma orgia, cujo cenário é o de Noite na Taverna, o que parece estabelecer um vínculo entre essas duas obras de Álvares de Azevedo.



OBRAS DO AUTOR



Toda a obra de Álvares de Azevedo é de publicação póstuma. Ao núcleo inicial das Poesias (Lira dos Vintes Anos), publicadas em 1853, no Rio de Janeiro, pela Tipografia Americana, seguiram-se reedições sucessivas e ampliadas, que foram incorporando os seguintes títulos, que compõem a obra completa:
Lira dos Vintes Anos
Poesias Diversas
O Poema do Frade
O Conde Lopo
Macário
Noite na Taverna
Livro de Fra Gondicário
Discursos
Cartas

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