O Realismo Brasileiro
O que estava acontecendo no Brasil?
No Brasil do Segundo reinado (de 1840 a 1889), impera o conhecido “parlamentarismo às avessas”, quando o Imperador D. Pedro II escolhe o senador ou o deputado para o cargo de primeiro-ministro, com a complacência do Partido Liberal e
do Partido Conservador, que se
revezavam no poder, sempre segundo os interesses da oligarquia agrária.
No campo da economia, o Brasil, na metade do século XIX, ainda mantinha uma estrutura baseada no latifúndio, na monocultura de exportação com mão-de-obra escrava voltada para o mercado cafeeiro.
Por volta da década de 1870, no entanto, as oligarquias agrárias, que até então “davam as cartas” na
economia e na política do país, sofrem pressões internacionais para o
desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil, no sentido de um processo de modernização que se dá lentamente. Inicialmente, pela proibição do
tráfico negreiro. Com isso
cresce a mão-de-obra imigrante, desenvolve-se a indústria cafeeira no interior do estado de São Paulo e ferrovias são construídas. Ao longo dos trilhos, concentram-se as fábricas
que dão origem à classe média urbana, que se insatisfaz com a falta de representatividade
política.
Essa classe apóia-se no Exército e aceita a liderança dos cafeicultores
paulistas, responsáveis pelos trabalhadores assalariados no país e defensores
de mudanças estruturais, como a substituição da Monarquia, já desgastada e reacionária, pela República.
A Proclamação se dá
em 1889, porém, a República não atenderia as ambições da classe média e dos
militares. Então, representantes das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais passam a controlar o Estado brasileiro, por meio de uma aliança
entre seus governadores que ficou conhecida como “Política
do café-com-leite”.
O Brasil da época é um país com idéias liberais, republicanas, “modernas”,
no entanto, tem que conviver com uma estrutura político-econômica oligárquica,
agrária, latifundiária e coronelista.
Da Europa foram trazidas algumas idéias, entre elas o positivismo de Auguste Comte, o determinismo histórico de Taine, o socialismo
utópico de Proudhon e o socialismo
científico de Karl Marx, o evolucionismo de Darwin e a negação do Cristianismo de Renan.
A Prosa Realista
O romance realista começa com
o fim do romance romântico, opondo-se criticamente a ele, sendo, sem dúvida à
crítica ao romantismo.
Enquanto o romance romântico
gira em torno do casamento, ou seja, dos antecedentes que conduzem ao enlace
burguês, já o romance realista focaliza a situação criada pelo casamento, não a
feliz, suposta pelo romance romântico, onde tudo é belo e perfeito, mas sim o
real. É na realidade que o romance realista encontra base, entretanto o
adultério. Assim como acontece no romance Dom
Casmurro, de Machado de Assis, onde o casamento não os tornou felizes para
sempre, pois o suposto “adultério” de Capitu com Escobar havia quebrado o
cristal do amor e fidelidade eterna. É claro que, também, pode-se achar
adultério no romance romântico, mas é mais raro, além de se tratar de ser
motivado por questões sentimentais.
O realismo se propõe em
estudar cientificamente a infidelidade conjugal, mostrando a falsa paz da
burguesia romântica. De tal forma, podemos dizer que o realismo arranca a
máscara hipócrita do romantismo. Portanto, o realismo escolheu o casamento, por
se tratar da coluna da sociedade burguesa.
Concluímos, com isso, que uma
sociedade melhor haveria de surgir das cinzas da burguesia. Então, é claro que
o realismo se caracteriza pela sondagem na psicologia humana, por meio de
gestos e atitudes seguidos do que se passam dentro de cada personagem.
Afirmando-se, com tudo, que os padrões realistas, naturalistas e
impressionistas não desapareceram de todo após o surgimento dO Canaã, em 1902, na verdade, continuam
até 1922, de mistura com elementos simbolistas, e permanecem, até certo ponto,
na ficção nordestina dos anos 30, sendo, de tal forma, atualíssimo até os dias
de hoje.
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